O termo "café especial" refere-se a um tipo de café que se destaca por sua qualidade superior e características únicas, como origem, processo de produção e práticas de cultivo (Macgregor et al., 2017). A qualidade de um café especial é avaliada através de degustação e pontuação, geralmente alcançando 80 pontos ou mais em uma escala de 100 (Oliveira et al., 2017). Além disso, muitos cafés especiais possuem certificações que garantem práticas sustentáveis e éticas, como FairTrade, Rainforest Alliance e Orgânico (Fuller et al., 2022).
A comercialização de cafés especiais, especialmente os certificados como orgânicos ou de comércio justo, tem se tornado uma estratégia de marketing eficaz para grandes redes varejistas, como Walmart, McDonald's e Starbucks, que buscam atrair consumidores conscientes e de perfil exigente (Elder et al., 2014). Posicionado como um produto premium, o café especial encontra valor em narrativas que exaltam sua origem, a história dos produtores e seu impacto social, fortalecendo sua imagem e despertando o interesse de consumidores sensíveis às causas sociais e ambientais. O crescente consumo de cafés especiais reflete uma tendência global, com consumidores preferindo produtos que garantam práticas sustentáveis e de alta qualidade (Dragusani et al., 2022).
A distribuição de cafés especiais ocorre majoritariamente através de cooperativas de produtores e canais de comércio justo, permitindo uma conexão direta entre produtores e consumidores (Oliveira et al., 2017). Além disso, a venda online tem crescido significativamente, com destaque para plataformas de e-commerce e redes sociais. Cafeterias especializadas, lojas de produtos orgânicos e feiras de agricultores também se configuram como espaços de venda importantes (Macgregor et al., 2017; Cotter, 2021; Dionysis et al., 2022). O circuito de commodities do café especial envolve consumidores conscientes, torrefadores, pequenas empresas e produtores familiares, promovendo uma cadeia de valor que respeita a biodiversidade e incentiva práticas ambientalmente responsáveis.
Conforme a EMBRAPA (2024), o segmento de cafés especiais tem registrado um crescimento médio anual de 12% nos últimos 15 anos. Países como Brasil, Colômbia, Etiópia, Costa Rica, Honduras, Guatemala e Vietnã lideram o mercado, reconhecidos por sua qualidade, práticas de cultivo e compromisso com a sustentabilidade (Oliveira et al., 2017). Esse crescimento é impulsionado por consumidores dispostos a pagar valores mais altos por produtos que atendem a padrões éticos e de qualidade. No ambiente acadêmico, estudos têm sido realizados para avaliar o crescimento do consumo de cafés especiais em mercados emergentes (Fuller et al., 2022), a aceitação dos consumidores por cafés de origem certificada (Dragusanu et al., 2014) igualmente as pesquisas se estendem às práticas de manejo que visam aumentar a produtividade e a qualidade desses cafés (Macgregor et al., 2017).
Para concluir, o consumidor ético tem um papel essencial no crescimento do mercado de cafés especiais, pois demonstra disposição para investir mais em produtos que atendem a altos padrões de qualidade e respeitam normas sociais e ambientais. A escolha por cafés especiais reflete um desejo crescente de se conectar com a história por trás do produto, valorizando sua origem e o trabalho dedicado dos pequenos produtores familiares.
REFERÊNCIAS
Cotter WM (2021) Voicing the Supply Chain. Signs Soc 9:36–60
Dionysis S, Chesney T, Mcauley D (2022) Examining the influential factors of consumer purchase intentions for blockchain traceable coffee using the theory of planned behaviour. Br Food J 124:4304–4322. https://doi.org/10.1108/BFJ-05-2021-0541
Dragusani R, Montero E, Nunn N (2022) The Effects of Fair Trade Certification: Evidence from Coffee Producers in Costa Rica. J Eur Econ Assoc 20:1743–1790. https://doi.org/https://doi-org.ez26.periodicos.capes.gov.br/10.1093/jeea/jvac026
Dragusanu R, Giovannucci D, Nathan N (2014) The Economics of Fair Trade. J Econ Perspect 28:217–236. https://doi.org/http://dx.doi.org/10.1257/jep.28.3.217
Elder SD, Lister J, Dauvergne P (2014) Big retail and sustainable coffee: A new development studies research agenda. Prog Dev Stud 1:77–90. https://doi.org/10.1177/1464993413504354
EMBRAPA (2024) Consumo dos cafés especiais cresce 12% ao ano em nível mundial. In: Transf. Tecnol. https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/36260834/consumo-dos-cafes-especiais-cresce-12-ao-ano-em-nivel-mundial. Accessed 28 Oct 2024
Fuller K, GRebitus C, Schmitz TG (2022) The effects of values and information on the willingness to pay for sustainability credence attributes for coffee. Agric Econ 53:775–791. https://doi.org/https://doi-org.ez26.periodicos.capes.gov.br/10.1111/agec.12706
Macgregor F, Ramasar V, Nicholas KA (2017) Problems with Firm-Led Voluntary Sustainability Schemes : The Case of Direct Trade Coffee. Sustain 9:1–25. https://doi.org/10.3390/su9040651
Oliveira BGBM, Silva VBR, Paiva LC, et al (2017) Produção de Café com Certificação Fair Trade : uma alternativa para os produtores familiares. Rev da Univ Val do rio Verde 15:209; 219. https://doi.org/10.5892/ruvrd.v15i2.3303
コメント