A produção de café no Brasil enfrenta diversos desafios históricos e persistentes. Entre eles, destacam as mudanças e variações climáticas significativas entre regiões, a necessidade de reduzir o uso de defensivos agrícolas e a resistência a pragas e doenças. A escassez de mão de obra exige maior mecanização e automação das lavouras. Além disso, a adaptação às exigências do mercado por cafés especiais de alta qualidade e maior produtividade das lavouras demanda constantes melhorias genéticas e técnicas. A solução para esses desafios passa pelo desenvolvimento de tecnologia através de pesquisas.
Em parceria com universidades e instituições de pesquisa, a Epamig desenvolveu, através de pesquisas de melhoramento genético, sementes embarcadas em tecnologias que atendiam às demandas do mercado cafeeiro e eram disponibilizadas para comercialização. No entanto, devido à natureza tradicional da produção de café, muitos produtores hesitavam em adotar novas tecnologias, preferindo manter os métodos convencionais que já conheciam e utilizavam há décadas, mesmo com resultados insuficientes.
A partir de meados de 2014, houve uma pressão para que a Epamig levasse suas tecnologias e cultivares ao setor produtivo. Mas, o que deveria ser feito para mudar a tradição de produção cafeeira e alterar não só a cultivar plantada, mas também a maneira de plantio e o manejo?
Para facilitar a adoção dessas inovações pelos produtores, a Epamig implementou, em 2015, as Unidades Demonstrativas. Essas unidades são estabelecidas em propriedades de cafeicultores e funcionam como plataformas práticas onde novas tecnologias são testadas e demonstradas. Elas permitem avaliar cultivares em várias regiões de Minas Gerais quanto à produtividade, qualidade de bebida e resistência a pragas e doenças. Além disso, essas unidades ajudam os produtores a observarem o desempenho das novas variedades em condições reais de cultivo, aumentando a confiança na adoção das inovações. Através da coleta de dados sobre crescimento, saúde e qualidade dos grãos, os pesquisadores ajustam práticas de manejo, resultando em aumentos na produtividade e melhorias na qualidade do café, especialmente para atender à demanda por cafés especiais.
As Unidades Demonstrativas implementadas pela Epamig transformaram a percepção dos produtores, promovendo a adoção de tecnologias avançadas e práticas de manejo mais eficientes. Ao proporcionar a oportunidade de verem os benefícios das novas cultivares e técnicas em condições reais, essas unidades aumentaram a confiança na inovação e incentivaram a modernização da cafeicultura em Minas Gerais. Essa abordagem colaborativa não apenas melhorou a produtividade e a qualidade do café, mas também fortaleceu a posição dos produtores no mercado nacional e internacional, atendendo à crescente demanda por cafés especiais e sustentáveis.
Referências
AGÊNCIA MINAS. Café mineiro vendido para rede de cafeterias chinesa é fruto de tecnologia e sustentabilidade. Disponível em: https://www.agenciaminas.mg.gov.br/noticia/cafe-mineiro-vendido-para-rede-
de-cafeterias-chinesa-e-fruto-de-tecnologia-e-sustentabilidade. Acesso em: 05 ago. 2024.
EPAMIG. Pesquisa, Tecnologia e Sociedade. Belo Horizonte, 22 ed., p. 48, 2018. Disponível em: https://www.epamig.br/institucional. Acesso em: 05 ago. 2024.
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