O terroir é mais do que um conceito técnico na vitivinicultura; é a alma do vinho, moldada pela interação entre solo, clima, topografia e práticas culturais [1;3]. No Brasil, a riqueza de terroirs reflete a diversidade natural e cultural do país, produzindo vinhos únicos que carregam as características de suas regiões de origem [2;5]. Da Serra Gaúcha ao Vale do São Francisco, passando pelo Planalto Catarinense e Serra da Mantiqueira, cada local possui peculiaridades que se traduzem em sabores, aromas e cores distintos. [1]. A Serra Gaúcha, tradicional berço da vitivinicultura brasileira, se destaca por seu clima subtropical, solos vulcânicos e relevo acidentado [6]. Essas condições favorecem vinhos tintos encorpados, brancos aromáticos e espumantes de alta qualidade [1]. Já o Vale do São Francisco, com seu clima semiárido e solos arenosos, permite até 2,5 colheitas anuais graças à técnica da dupla poda, resultando em vinhos leves e frutados que surpreendem pelo frescor e adaptabilidade às altas temperaturas [1;5].
No Planalto Catarinense, as altitudes elevadas e temperaturas frias contribuem para a produção de vinhos com alta acidez e complexidade aromática, sendo os brancos frescos e os tintos de corpo médio os principais destaques [1]. Na Serra da Mantiqueira, a técnica da dupla poda é utilizada para ajustar a colheita ao inverno tropical, garantindo vinhos de inverno de alta qualidade, com aromas concentrados e taninos bem estruturados, ampliando as fronteiras da vitivinicultura brasileira [2;4]. Além de suas características naturais, o terroir brasileiro valoriza a identidade regional e a sustentabilidade. Certificações como Indicações Geográficas (IGs) e Denominações de Origem (DOs) asseguram a autenticidade dos vinhos, enquanto o enoturismo conecta consumidores às histórias e paisagens por trás das garrafas. Essa combinação de tradição e inovação fortalece o mercado e posiciona o Brasil como um player relevante no cenário global [3;7]. A diversidade de terroirs no Brasil é um convite para explorar a riqueza da vitivinicultura nacional. Cada taça conta uma história de tradição, inovação e paixão pelo cultivo da uva. Ao valorizar seus terroirs, o Brasil não só destaca sua produção no mercado internacional, mas também promove o desenvolvimento regional, a cultura e a sustentabilidade, transformando o vinho em uma verdadeira experiência sensorial. Referências Bibliográficas [1] Cella, L. A. S., Steffen, M. S., Nodari, E. S., & Frank, A. (2021). A vitivinicultura brasileira e suas dificuldades com a concorrência no mercado interno e externo. Brazilian Journal of Development, 24(1), 228-241.
[2] Chelotti, L. C., & Medeiros, A. B. (2019). Território e patrimônio: a vitivinícola do sul de Minas Gerais. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, 15(4), 342-356.
[3] Kohls, S., Anjos, F. S., & Caldas, N. V. (2016). Mutação no mundo vitivinícola: a indicação geográfica como estratégia de qualificação. Desenvolvimento Regional em Debate, 6(1), 41-62.
[4] Pimenta, V. M. G., Filippi, A. C. G., & Streit, J. A. C. (2023). Potencial da vitivinicultura em Brasília e entorno. Revista FSA, 20(3), 45-68.
[5] Protas, J. F. (2009). Vitivinicultura brasileira: reflexões sobre um setor em transformação. Revista de Economia e Sociologia Rural, 47(3), 589-610.
[6] Roese, M. (2008). O mondovino de cabeça para baixo: A vitivinicultura brasileira em tempos de globalização. Revista de Sociologia e Política, 16(31), 71.
[7] Salton, M. A., & Pereira, G. E. (2014). O enoturismo no Brasil. In R. Dal Pizzol & S. I. de Souza (Eds.), Memórias do vinho gaúcho (Vol. 3, pp. 165–171). AGE.-83.
Comentarios