Em 19 de setembro, o IBGE divulgou o relatório informativo a respeito da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), referente a 2023. Essa publicação fornece estatísticas sobre os principais efetivos da pecuária nacional em relação à data de 31 de dezembro. Como o próprio IBGE afirma, os dados de 2023 ainda são provisórios, entretanto, as estimativas já permitem realizar importantes observações a respeito da evolução recente desse setor.
Em relação à produção de leite, em 2023 obteve-se patamar recorde, ao atingir 35,4 bilhões de litros. Em contrapartida, o número de vacas ordenhadas decresceu 0,1% em relação a 2022, com um total de 15,7 milhões, o menor número da série histórica desde 1979. De acordo com o relatório, isso ocorreu em função do maior nível de tecnificação do setor leiteiro, principalmente devido a investimentos em genética e manejo de rebanho.
Entretanto, o aumento da produção ocorreu simultaneamente ao abandono da atividade por um número significativo de produtores, em especial os de pequeno e médio porte, em função das ligeiras margens de lucro desse perfil de produtor. A baixa lucratividade tende a estimular a migração de atividade econômica, saindo da produção de leite e movendo-se para o arrendamento da terra voltada à produção de grãos.
Outro ponto de destaque foi a alta importação de leite em 2023, de 2,2 bilhões de litros em equivalente leite, a qual apresentou uma elevação de 68% em relação ao ano anterior. A elevação da importação associada à fraca demanda interna pressionou para baixo os preços de leite ao longo de 2023.
A região Sul manteve-se como principal produtora de leite no Brasil, com 33,6% de participação no total nacional, à frente das regiões Sudeste (33%), Nordeste (17,8%), Centro-Oeste (10,7%) e Norte (4,9%). Em termos estaduais, o Estado de Minas segue como o principal produtor, com 9,4 bilhões de litros, representando 26,6% da produção nacional e 80,6% da região Sudeste. Em relação às vacas ordenhadas, o estado de Minas Gerais também se encontra na liderança, com 3,0 milhões de vacas ordenhadas, o que representa 19,4% do total nacional.
O valor da produção nacional de leite em 2023 foi estimado em R$ 80,3 bilhões de reais, revelando um aumento de 0,4% em relação a 2022. Por sua vez, o preço médio pago ao leite em 2023 foi de R$2,27 por litro, o que significou uma redução de 1,7% em relação ao ano anterior, todavia, ainda representou a segunda maior média amostral da série histórica. Minas Gerais foi o principal estado responsável pela produção nacional, ao registrar R$21,5 bilhões (28,6% do total nacional), mesmo com queda de 6,0% na comparação com o valor atingido no ano anterior.
Por fim, em termos de produtividade, a Região Sul apresentou o maior patamar, de 3864 litros/vaca/ano, seguida pelas Regiões Sudeste (2602), Centro-Oeste (1816), Nordeste (1530) e Norte (916). Tais disparidades dos índices de produtividade destacam a grande heterogeneidade produtiva regional da cadeia de produção de leite no Brasil.
Portanto, verifica-se que, juntamente com o nível recorde de produção de leite, entre outras boas perspectivas, como a elevação do nível de tecnificação, também se pode compreender que o setor passa por desafios em busca de seu crescimento sustentado, como evidenciado pelo abandono de parte dos pequenos e médios produtores, e a heterogeneidade produtiva, com grandes diferenciais de produtividade entre as principais regiões do país.
REFERÊNCIAS
IBGE. Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), 2023. ISSN 0101-4234. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9107-producao-da-pecuaria-municipal.html. Acesso em: 27 de Setembro de 2024.
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