Pesquisa em campo: o que as vinícolas mineiras ensinam sobre experiência, mercado e enoturismo
- Andressa Paviani
- há 15 minutos
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Nos últimos anos, o enoturismo tem assumido protagonismo em Minas Gerais. O crescimento expressivo da vitivinicultura, impulsionado pela técnica da dupla poda difundida pela Epamig, ampliou o número de vinícolas e fortaleceu novas rotas turísticas em regiões como Sul de Minas, Triângulo Mineiro, Cerrado Mineiro e Campo das Vertentes. Esse movimento tem aproximado visitantes do território, integrando paisagem, gastronomia, cultura e práticas agrícolas em experiências que revelam a diversidade do vinho mineiro. A atividade turística também passou a reforçar a identidade local, transformando o vinho em elemento cultural emergente e valorizando a produção rural em diferentes regiões do estado.
A consolidação dessas rotas ocorre paralelamente ao aumento da procura por vivências associadas ao campo, ao lazer e à gastronomia regional. Em diversas vinícolas, a degustação tradicional evoluiu para visitas guiadas, festivais, harmonizações, caminhadas nos vinhedos e momentos de contemplação da paisagem. Essa combinação tem atraído turistas de várias partes do Brasil, movimentando a economia local, gerando novas oportunidades de renda e estimulando investimentos em infraestrutura, serviços e hospitalidade. O enoturismo mineiro, portanto, emerge como expressão de um território em transformação, no qual agricultura, cultura e turismo se interligam.
Diante desse cenário, um estudo conduzido no âmbito do Agritech UFLA busca compreender como o enoturismo contribui para a sustentabilidade econômica das vinícolas mineiras. O estudo analisa as experiências oferecidas pelas propriedades, bem como sua relação com indicadores de desempenho, como venda in loco, fluxo de visitantes e ticket médio. O objetivo é identificar de que modo diferentes formatos de vivência — desde atividades educativas até experiências imersivas — favorecem a consolidação do setor, fortalecem vínculos com o público e ampliam oportunidades de renda para os produtores.
Para interpretar essas vivências, a pesquisa utiliza o modelo dos 4Es, proposto pela Economia da Experiência. Esse modelo organiza as experiências turísticas em quatro dimensões: entretenimento, presente em eventos, música e atividades recreativas; educação, associada à aprendizagem sobre território e produção; estética, vinculada à contemplação da paisagem e da arquitetura; e escapismo, relacionado a atividades imersivas que rompem com a rotina. Em conjunto, essas dimensões ajudam a compreender como visitantes percebem e avaliam as experiências oferecidas pelas vinícolas.
Quando integrados, os quatro domínios criam vivências mais envolventes e favorecem a satisfação, a memorização e a intenção de retorno. Para o setor mineiro, em crescimento e marcado pela diversidade regional, essa abordagem oferece mais do que um modelo teórico: ela permite visualizar caminhos para o fortalecimento das vinícolas, aprimorar estratégias de visitação e promover experiências que valorizem a identidade do vinho mineiro. Os resultados da pesquisa do Agritech UFLA contribuirão para orientar produtores, associações e gestores interessados em desenvolver o enoturismo como eixo de sustentabilidade econômica e territorial.
Referências Bibliográficas
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G1 Sul de Minas. (2023).Enoturismo: modalidade que mostra o processo de produção do vinho cresce no Sul de Minas.https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2023/12/13/enoturismo
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