Vai uma tacinha?
- Andressa Paviani

- 27 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de ago.
Descubra como o enoturismo está transformando Minas Gerais em destino de experiências únicas.

Minas Gerais vem ganhando destaque no cenário nacional da vitivinicultura com a produção dos chamados vinhos de inverno, resultado da técnica da dupla poda, que permite colher uvas na estação mais fria do ano. Mas o que tem realmente conquistado turistas e apreciadores é o crescimento do enoturismo, uma forma de turismo que combina paisagem, cultura e sensações — tudo ao redor da taça de vinho [1].
O enoturismo vai além da visita a vinhedos: ele convida o visitante a viver experiências completas. Em Minas, por exemplo, é possível participar de degustações harmonizadas, explorar winebars flutuantes em represas, visitar salas de barricas subterrâneas ou simplesmente aproveitar o pôr do sol entre os parreirais. Essas vivências envolvem momentos de contemplação da paisagem, aprendizado sobre o processo de vinificação, participação ativa em colheitas, e até eventos culturais com música e gastronomia regional — elementos que, juntos, transformam o vinho em memória afetiva [2].
Minas já soma mais de 130 vinícolas em funcionamento, localizadas no Sul de Minas, Campo das Vertentes, Zona da Mata e Vale do Jequitinhonha. A paisagem, marcada por montanhas e clima ameno, é acompanhada de uma forte tradição na gastronomia e na produção de cafés especiais — dois atrativos que reforçam a vocação enoturística do estado. Um exemplo interessante é o município de São Gonçalo do Sapucaí, no Sul de Minas, tradicional produtor de cafés premiados. Com base nas pontuações cafeeiras, viticultores têm escolhido essas áreas para plantar vinhedos, aproveitando o mesmo terroir valorizado — de altitude, insolação e solo equilibrado — que favorece também o cultivo de uvas de qualidade [3].

O enoturismo tem se mostrado essencial não apenas para a venda direta dos vinhos, mas para a construção de uma identidade regional. Os produtores investem em estruturas de recepção, narrativas sobre o terroir mineiro, marketing digital e parcerias com o setor de hospitalidade. Além disso, associações e cooperativas organizam ações coletivas, como capacitações, compras em grupo e participação em eventos, fortalecendo a sustentabilidade econômica das vinícolas [4].
Esse movimento também impulsiona diversos setores da economia local. O aumento da visitação traz investimentos para hotéis, pousadas, restaurantes, cafeterias, lojas de artesanato e serviços de transporte. Muitos produtores relatam que, ao desenvolver o enoturismo, perceberam um efeito positivo em cadeia — gerando renda, criando empregos e consolidando a vocação turística de suas regiões.
Referências
[1] Arcanjo, A. (2024). Vinho mineiro conquista espaço e leva a identidade do estado para a taça. Revista Enoteca.
[2] Pine, B. J., & Gilmore, J. H. (1999). The experience economy: Work is theatre & every business a stage. Harvard Business School Press.
[3] Regina, M. A., Souza, C. R., & Faria, M. A. (2010). Cultivo da videira em regiões de inverno do Brasil. Informe Agropecuário, 31(257), 22–29.
[4] Kjellberg, H., & Helgesson, C.-F. (2007). On the performativity of markets and marketing: Reframing marketing practice. Marketing Theory, 7(2), 137–162.




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