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A nova rota do café: Como a Colômbia e o Brasil enfrentam as tarifas em 2025.

  • Foto do escritor: Nilson Giovanni Muñoz Hurtado
    Nilson Giovanni Muñoz Hurtado
  • 23 de jun.
  • 3 min de leitura

O café tem sido historicamente um dos principais produtos de exportação da Colômbia e do Brasil, não apenas por sua relevância econômica, mas também por seu valor cultural e social. Ambos os países consolidaram sua posição como líderes mundiais na produção e exportação de café: o Brasil é o maior produtor global, enquanto a Colômbia se destaca por seu café de alta qualidade e especialidade. No entanto, em 2025, a imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos sobre o café importado reconfigurou a dinâmica do mercado, gerando tensões econômicas e obrigando esses países a redefinir suas estratégias comerciais.


As tarifas implementadas pelo governo norte-americano, justificadas por argumentos de proteção à indústria local e medidas ambientais, representaram um aumento de até 15% nos custos de entrada do café naquele país (Reuters, 2025). Essa medida afeta diretamente a Colômbia e o Brasil, cujos principais destinos de exportação têm sido tradicionalmente os mercados norte-americanos. No caso colombiano, cerca de 42% de seu café era exportado para os Estados Unidos até 2024, de acordo com dados da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia (FNC, 2024). No Brasil, o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) informou que os EUA representavam cerca de 19% das exportações de café verde (Cecafé, 2024).


Diante desse cenário, tanto a Colômbia quanto o Brasil implementaram estratégias de diversificação comercial e transformação do modelo produtivo. A Colômbia reforçou sua aposta no café especial, aumentando as exportações para a Europa e Ásia e promovendo marcas próprias que oferecem rastreabilidade, sustentabilidade e comércio justo. De acordo com a FNC (2024), as vendas de café especial colombiano cresceram 28% em mercados como Alemanha, Japão e Coreia do Sul durante o primeiro trimestre de 2025. Por sua vez, o Brasil intensificou sua penetração no mercado chinês, que nos últimos dois anos duplicou sua demanda por café brasileiro, favorecido por acordos bilaterais recentes (Valor Econômico, 2025).


Além da diversificação dos mercados, a industrialização tem sido uma resposta fundamental. Em vez de exportar café verde, ambos os países impulsionaram a exportação de café torrado, moído e de origem certificada, gerando maior valor agregado. De acordo com dados da Embrapa Café (2025), o Brasil aumentou em 35% a exportação de café processado em 2025, enquanto a Colômbia desenvolveu alianças com plataformas de comércio eletrônico para posicionar marcas premium diretamente ao consumidor internacional.

No entanto, esse processo não está isento de desafios. Os pequenos produtores colombianos, especialmente em regiões rurais afetadas pelo pós-conflito, enfrentam maiores dificuldades para se adaptar aos padrões internacionais exigidos pelos mercados emergentes (FNC, 2024). No caso brasileiro, embora a escala de produção permita maior resiliência, as críticas internacionais pelo desmatamento na Amazônia continuam condicionando as relações comerciais, particularmente com os mercados europeus mais exigentes em questões de sustentabilidade (Greenpeace Brasil, 2025).


Em conclusão, a imposição de tarifas pelos Estados Unidos representou tanto uma crise quanto uma oportunidade para o café colombiano e brasileiro. A necessidade de reconfigurar as rotas comerciais impulsionou uma transição para modelos mais sustentáveis, diversificados e com maior valor agregado. Esse contexto sugere que o futuro do café latino-americano dependerá não apenas de sua qualidade, mas também de sua capacidade de se adaptar a um mercado global cada vez mais exigente em termos de sustentabilidade, rastreabilidade e responsabilidade social.


REFERENCIAS

 

CECAFÉ. Relatório de exportações de café – 2024. Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, 2024. Disponível em: https://www.cecafe.com.br.

 

EMBRAPA CAFÉ. Relatório anual: tendências e desafios do café brasileiro. Brasília, DF: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2025. Disponível em: https://www.embrapa.br/cafe.

 

FEDERACIÓN NACIONAL DE CAFETEROS DE COLOMBIA (FNC). Informe anual del mercado cafetero colombiano 2024. 2024. Disponível em: https://www.federaciondecafeteros.org.

 

GREENPEACE BRASIL. Impacto ambiental da produção cafeeira na Amazônia: 2025. 2025. Disponível em: https://www.greenpeace.org/brasil. Acesso em: 13 jun. 2025.

 

REUTERS. U.S. imposes tariffs on coffee imports, affecting major suppliers Brazil and Colombia. 15 mar. 2025. Disponível em: https://www.reuters.com/business/agriculture/us-tariffs-coffee-2025.

 

VALOR ECONÔMICO. Exportação de café brasileiro cresce com foco na China e Oriente Médio. 5 abr. 2025. Disponível em: https://www.valor.globo.com. A

 

 

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Os conteúdos dos textos publicados neste blog refletem exclusivamente a opinião dos autores e não representam, necessariamente, as opiniões do Centro de Estudos em Mercado e Tecnologias no Agronegócio da Universidade Federal de Lavras (AGRITECH UFLA), da Universidade Federal de Lavras (UFLA) ou das agências de fomento que financiam as pesquisas do AGRITECH UFLA.

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