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O Brasil em foco em 2025: Crises sanitárias e impactos nas exportações do agro brasileiro

  • Foto do escritor: Milena Santos Silva
    Milena Santos Silva
  • 2 de jun.
  • 3 min de leitura

Em 2025, o agronegócio brasileiro vem enfrentando tensões no comércio internacional, sobretudo em função da intensificação dos controles sanitários por parte de seus principais parceiros comerciais. Países como China, União Europeia e Argentina anunciaram suspensões temporárias das importações de produtos agropecuários brasileiros, afetando cadeias exportadoras de grande relevância, como carne de frango, carne bovina e soja. Essas decisões têm origem em diferentes fatores desde a detecção de pragas e resíduos químicos até a ocorrência de surtos sanitários em território nacional e provocaram impactos econômicos significativos, além de repercussões diplomáticas e institucionais. “A sanidade agropecuária tornou-se um dos principais critérios de confiança nas trocas internacionais, sendo decisiva para o acesso e a manutenção em mercados exigentes” (MACHADO; VIEIRA, 2022, p. 79).


Nesse contexto, torna-se evidente que a competitividade internacional do agro brasileiro depende da capacidade de garantir rastreabilidade, conformidade regulatória e governança sanitária eficaz, elementos cada vez mais valorizados em um mercado global que está atento à segurança alimentar e à sustentabilidade das cadeias produtivas.


Em janeiro de 2025, a China suspendeu temporariamente as importações de soja de cinco empresas brasileiras após detectar resíduos de pesticidas e pragas quarentenárias nos carregamentos. As empresas afetadas incluem Cargill Agrícola SA, ADM do Brasil, Terra Roxa Comércio de Cereais, Olam Brasil e C.Vale. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) foi notificado pela Administração- Geral de Aduanas da China (GACC) e está trabalhando com as empresas para apresentar planos de ação e intensificar as fiscalizações nos embarques de soja destinados à China.


Em março de 2025, a China suspendeu as importações de carne bovina de três frigoríficos brasileiros localizados em Mozarlândia (GO), Nanuque (MG) e Presidente Prudente (SP). A decisão foi baseada em auditorias remotas realizadas pela GACC, que identificaram não conformidades com os requisitos sanitários chineses. As autoridades brasileiras, em conjunto com os frigoríficos afetados, iniciaram negociações para reverter a suspensão e garantir o cumprimento das exigências sanitárias.


Em maio de 2025, foi detectado um foco de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Como medida de precaução, aproximadamente 17.000 aves foram abatidas, e o governo brasileiro decretou estado de emergência zoossanitária por 60 dias na região afetada. Em resposta, mais de 30 países, incluindo China, União Europeia e Argentina, suspenderam temporariamente as importações de carne de frango brasileira. A China, principal importadora, impôs uma suspensão de 60 dias para todo o território nacional, conforme previsto nos protocolos sanitários bilaterais.


Essas suspensões têm impactos significativos na economia brasileira, especialmente considerando que a China é o principal destino das exportações de carne e soja do Brasil. Cada mês de veto chinês à carne de frango, por exemplo, representa perdas de aproximadamente US$ 100 milhões para o setor. Além disso, as suspensões destacam a necessidade de o Brasil manter padrões sanitários rigorosos e práticas agrícolas sustentáveis para garantir a continuidade do comércio internacional e a competitividade no mercado global.


Diante dos episódios recentes envolvendo a suspensão de exportações brasileiras por motivos sanitários, torna-se evidente que a competitividade do agronegócio nacional no cenário global depende, cada vez mais, da capacidade de alinhar produtividade com rastreabilidade, qualidade e conformidade regulatória. Mais do que reagir a crises pontuais, é fundamental investir em sistemas preventivos robustos, inovação tecnológica em biossegurança e fortalecimento da diplomacia sanitária.


Garantir a confiança de mercados estratégicos como o chinês exige um esforço contínuo de articulação entre setor produtivo, governo e ciência em um modelo que priorize não apenas o volume exportado, mas também a credibilidade e a sustentabilidade das cadeias agroalimentares brasileiras.


Referencias


EL PAÍS. La gripe aviar golpea a la exportación de carne de Brasil, uno de los pilares

de su economía. El País, 23 maio 2025. Disponível em:

de-brasil-uno-de-los-pilares-de-su-economia.html. Acesso: maio de 2025.


CNN BRASIL. China suspende importação de carne bovina de três frigoríficos

brasileiros. CNN Brasil, 14 mar. 2025. Disponível em:

de-carne-bovina-de-tres-frigorificos-brasileiros/. Acesso: maio de 2025.


GLOBO RURAL. China detecta não conformidades e suspende importação de soja de

cinco empresas brasileiras. Globo Rural, 22 jan. 2025. Disponível em:

Acesso: maio de 2025.


MACHADO, J. A. D.; VIEIRA, V. M. Sanidade agropecuária e comércio internacional:

exigências, barreiras e estratégias para o Brasil. Revista de Política Agrícola, Brasília, v.

31, n. 2, p. 76–88, abr./jun. 2022.

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Os conteúdos dos textos publicados neste blog refletem exclusivamente a opinião dos autores e não representam, necessariamente, as opiniões do Centro de Estudos em Mercado e Tecnologias no Agronegócio da Universidade Federal de Lavras (AGRITECH UFLA), da Universidade Federal de Lavras (UFLA) ou das agências de fomento que financiam as pesquisas do AGRITECH UFLA.

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