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  • Foto do escritorPaulo Henrique Leme

Novos caminhos e possibilidades nos Serviços Ambientais Digitais


A evolução das geotecnologias para monitoramento socioambiental, o uso de ciência de dados aplicados a ferramentas de inteligência artificial para previsibilidade em eventos climatológicos extremos, ferramentas de blockchain para permitir transparência e rastreabilidade usando a tokenização. São apenas algumas das ferramentas que caracterizam as soluções ligadas a Serviços Ambientais Digitais (SAD) ou Digital Environmental Services (DES).¹



Os recentes escândalos na área de serviços ambientais², sejam eles ligados à proteção de florestas, sejam eles ligados à credibilidade dos sistemas de crédito de carbono³, ou então ao compliance em projetos socioambientais⁴, têm levantado a questão sobre a transparência e credibilidade deste tão importante mercado.

Um dos pontos de maior destaque tem sido exatamente a questão do compliance e monitoramento das informações. Mas também se destacam os crescentes custos com auditoria e verificação de projetos, que oneram os investidores e em muitos casos levantam dúvidas sobre sua eficácia.

Muitas vezes, empresas e ONGs e pessoas físicas acabam colocando seus recursos em projetos que são difíceis de auditar ou que não são transparentes. Isso gera falta de credibilidade no mercado e acaba prejudicando projetos que são desenvolvidos de forma séria e competente, afetando o trabalho de empresas que disponibilizam informações de qualidade ligadas à proteção ambiental e social para o mundo.


Por outro lado, muitos projetos que são desenvolvidos e trabalham questões socioambientais de forma séria e comprometida têm pouca visibilidade ou não conseguem de fato mostrar os resultados ambientais e sociais que estão projetando, especialmente quando se leva em consideração os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2050. Sendo assim, uma das lacunas do mercado que identificamos é a falta de credibilidade para a transparência das informações divulgadas de forma digital.


A solução para este desafio está no desenvolvimento dos Serviços Ambientais Digitais, ou SAD. Existe uma grande diferença entre os SAD e os serviços ambientais que são gestados atualmente. Essencialmente, os SAD envolvem diversas soluções que levam compliance e transparência de informações ao público em geral ou a diversos outros stakeholders.


O Serviços Ambientais Digitais possuem como propósito:


  1. Compliance de dados de projetos socioambientais;

  2. Transparência aos dados ambientais dos beneficiários;

  3. Comunicação ponto a ponto entre investidores e beneficiários;

  4. Comunicação para a sociedade dos impactos dos projetos socioambientais;

  5. Verificação e alinhamentos aos ODSs da ONU.


Ou seja, os SAD são uma prática mercadológica que permite a verificação das práticas socioambientais in loco, utilizando ferramentas de monitoramento e transparência digital, incluindo o blockchain e outras geotecnologias, para garantir o funcionamento do sistema ambiental e dos projetos que estão correlacionados.


Inclusive, o compliance de pagamentos, o compliance para investidores e o compliance para a sociedade que necessita que esses projetos atinjam seus objetivos, de forma que seja possível ter mais e melhores investimentos em projetos socioambientais e também ter mais resultados nos projetos que estão em andamento.

A pergunta é então: você quer dar transparência e visibilidade aos projetos ambientais que está desenvolvendo? Você gostaria de evitar que seus projetos tenham questionamentos ligados a compliance socioambiental? Gostaria que seus projetos não tivessem questionamentos em relação aos seus KPIs?


Então você precisa de Serviços Ambientais Digitais que possam trazer segurança para seus projetos a partir de um monitoramento e um sistema que vão custar muito menos do que os serviços tradicionais de auditoria e de controle de rastreabilidade, que muitas vezes são demorados e caros e às vezes ainda necessitam de metodologia científica comprovada.


Então, qual a lógica que está por de trás dos serviços ambientais digitais? A ideia é mapear os serviços ambientais que estão sendo oferecidos em seu negócio, se eles atendem às exigências dos projetos ambientais desenvolvidos pela sua organização. Logo após, as informações também são geolocalizadas. Trabalhar com geolocalização de informações traz muitos benefícios, já que é uma tecnologia que está cada vez mais barata, mais acessível e mais assertiva para gerar resultados para monitoramentos que são feitos de forma frequente e muitas vezes de forma automática, utilizando ferramentas digitais e gratuitas, permitindo o uso corriqueiro de imagens de satélite e a divulgação de informações.


Estamos falando de ferramentas que realmente vão agilizar a organização de dados, a prestação de contas, o monitoramento e a construção de relatórios que vão permitir mostrar os resultados dos projetos ambientais e sociais para a sociedade. E, talvez, a melhor forma de garantir isso seja utilizar ferramentas que estão ligadas à Web3. A Web3 permite a descentralização de informações, permite que você possa trabalhar com informações de várias origens diferentes e permite dar transparência às informações com uma conectividade que vai muito além da Web2, por exemplo.


Estamos falando de utilizar ferramentas como blockchain da forma correta, de usar a tokenização como uma ferramenta de compliance, de garantia de dados ambientais. Estamos falando de transformar dados em ativos digitais que possam, de uma forma ou de outra, servir, além do compliance, para modificar a estrutura mercadológica dos serviços ambientais que são testados.


Se você chegou até aqui no texto, muito provavelmente ou você está prestando os serviços ambientais digitais e não sabia, ou então você já está colocando e conhece empresas que prestam serviços ambientais digitais.


Talvez o que esteja faltando de fato seja reconhecer esses SADs como uma ferramenta importante para a prestação de serviços ambientais como um todo. Reconhecer e valorizar as empresas que trabalham com compliance socioambiental, geotecnologia, transparência nas informações na Web3 para permitir a conectividade e descentralização de informações.


O objetivo é garantir acesso amplo às informações, visto que são empresas que de uma forma ou de outra vêm contribuindo para eliminar os problemas que têm acontecido na área de projetos ambientais, especialmente aqui no Brasil, dada a dimensão do país e dada a necessidade de investimento, seja do agro, seja de empresas que querem favorecer a preservação ambiental.


Como exemplo, podemos citar todos os esforços e projetos desenvolvidos pela Agência UFLA de Inovação, Geotecnologia e Sistemas Inteligentes, Zetta. A Agência Zetta desenvolveu o sistema do Cadastro Ambiental Rural (SiCAR), que hoje serve como base para diversos projetos ambientais no Brasil e é, atualmente, a maior plataforma de gestão territorial do mundo. A partir disso, diversos outros projetos foram desenvolvidos, inclusive, a Agência Zetta é credenciada como Unidade Embrapii.


No mundo das Startups, uma dessas empresas nascentes e que reconhece que está trabalhando no mercado dos serviços ambientais digitais com esta linha de transparência nas informações é a Origina Token. A Origina Token foi desenvolvida para permitir e viabilizar o pagamento dos serviços ambientais a partir de transparência e credibilidade utilizando os serviços ambientais digitais e ferramentas de geotecnologia e de blockchain. Este é um bom exemplo de uma startup que tem focado de fato em viabilizar ferramentas ligadas ao pagamento dos serviços ambientais.


Outra lacuna de mercado está relacionada a pagamento por serviços ambientais. Talvez um dos maiores desafios hoje nesta área é fazer com que pessoas que queiram investir em projetos socioambientais se conectem com produtores rurais que prestam serviços ambientais de relevância para a sociedade. No caso brasileiro, os produtores rurais protegem de 20% a 80% de sua área como reserva legal, além das áreas de preservação permanente. Nenhum país do mundo tem uma lei que permite que uma área privada seja utilizada para bem público. E a verdade é que hoje os produtores rurais não recebem nada por essa prestação de serviço ambiental.


Poucos são os projetos que conseguem fazer algum tipo de pagamento. E convenhamos, se você não faz a roda do dinheiro girar, você não consegue fazer com que os produtores tenham um incentivo para de fato investir, não apenas na quantidade, mas na qualidade da preservação que estão fazendo. Como esperar, por exemplo, que o produtor invista recursos que poderiam ser utilizados na sua produção agrícola para, por exemplo, melhorar a qualidade da água, melhorar a qualidade da flora e da fauna numa área de preservação?


Este é um ponto que precisa de reflexão, então precisamos endereçar esse problema. Mas ao mesmo tempo, ele é uma oportunidade para as empresas e para os projetos de produtores que estejam de fato pensando na valorização desse ativo ambiental que é a nossa floresta, que é a preservação da nossa flora e fauna.


Seja parte da mudança positiva. Opte pelos Serviços Ambientais Digitais, contribua para a proteção de nossa flora e fauna e destaque-se como uma empresa comprometida com a preservação ambiental.


Imagem criada via Copilot da Microsoft.


1 – O conceito de Serviços Ambientais Digitais – SAD ou Digital Environmental Services – DES (em inglês) não existe na literatura. Estamos lançando este conceito, com este formato, neste artigo.

2 – Exemplo: “Fraude na Amazônia: empresas usam terras públicas como se fossem particulares para vender créditos de carbono a gigantes multinacionais” em https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2023/10/02/fraude-na-amazonia-empresas-usam-terras-publicas-como-se-fossem-particulares-para-vender-creditos-de-carbono-a-gigantes-multinacionais.ghtml. Acesso em 11/10/2023. 

3 – Exemplo: “Após falhas, maior certificadora de créditos de carbono substituirá seu esquema de compensação de florestas tropicais” em https://umsoplaneta.globo.com/clima/noticia/2023/03/11/apos-falhas-maior-certificadora-de-creditos-de-carbono-substituira-seu-esquema-de-compensacao-de-florestas-tropicais.ghtml. Acesso em 11/10/2023.

4 – Exemplo: “'Lista suja' do trabalho escravo tem a maior atualização da história, com 204 novos nomes” em https://g1.globo.com/trabalho-e-carreira/noticia/2023/10/10/lista-suja-do-trabalho-escravo-tem-a-maior-atualizacao-da-historia-com-204-novos-nomes.ghtml. Acesso em 11/10/2023.

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